DESCONSTRUÇÃO

MINHA POÉTICA

Dia desses, parei para refletir sobre meu processo de escrita. O que vem a ser essa poética que tem se feito tão presente em meus escritos? Como defini-la? Estaria em conexão com algum movimento literário? Ou é apenas a forma que encontrei de me expressar? A urgente reflexão levou-me à palavra que me move, sem dúvida, a desconstrução. É ela que estabelece um diálogo intenso e profundo comigo mesma, com o que vivo e com o que sinto. O que acreditei ser verdade, ser justo, ser real, se desfaz nesta fase de minha vida. As crenças não mais se sustentam, foram construídas sobre a ilusão.Até mesmo as que usei como apoio ao longo da caminhada, como a religião, a espiritualidade, hoje sei que basearam-se nos condicionamentos do mundo. As frágeis paredes, erguidas ao longo da existência, desabam agora, uma a uma, revelando o que não sou, o que nunca poderia ter sido. A consciência, tão humana, prendeu-me a conceitos da dualidade e foi incapaz de perceber suas próprias limitações, mantendo-me em seu estreito ponto de vista. Mas, numa reversão incrível, a revelação se fez presente. Com ela soltei-me do que era conhecido e lancei-me ao desconhecido, sem medo. E quando o tempo da desconstrução chegou para mim, em minha porta, entreguei-me a ele e hoje funciono neste novo formato. Decidi me abandonar nisso e não resistir mais, atrelada aos últimos tijolos, pois é nessa desconstrução sem limites que minha essência se expressa, livre, sem controle de mais nada, fluindo por onde tiver que fluir. Deixo aqui, neste livro, alguns escritos que evidenciam esta minha fase desconstrutiva. Agradeço sua leitura.

MARINA MARINO
Escritora e Poeta